sábado, 21 de agosto de 2010

Pérolas (Parte 1)

Sabe aquelas situações incômodas de quando você está na companhia da sua mãe, toda alegre e serelepe, fazendo um programinha só de mulheres e, de repente, eis que surge: quem, quem ?? uma amiga dela, sim, isso mesmo, aquela que há pelo menos meio século você não a via, que a última e única vez, diga-se de passagem, você ainda andava só de calcinha e com marias-chiquinhas no cabelo...o embate se torna inevitável, uma vez que a pessoa parece ter o dom de ser inconveniente, (e como existem pessoas assim, né ??), pois bem, ela se aproxima numa velocidade assombrosa, os dois beijinhos viram três, quatro...enfim, típico de quem é efusivo, e então, começa aquele papo interessantíssimo, "Nossa, muito tempo que não nos víamos, como tá bonita, tá mais magra...", e você só com seus botões, contando os segundos pra terminar aquela baboseira e dá continuidade ao passeio "mãe e filha" tão almejado, e quando tudo parece convergir para o fim da ladainha, ela, a pessoa desmedida em sua simpatia, se volta para você...a essa altura sua face com aquela expressão de "poucos amigos", se vê obrigada a esboçar um sorriso, amarelo e desconcertado, e aí, o inusitado acontece, aquele ser humano expansivo (pra não dizer "entrão" mesmo), agarra a sua bochecha e diz: "Meu Deus, essa é sua filha ??? como ela cresceu...", e você no último ímpeto de paciência, balbucia um "obrigada" tímido, enquanto tenta desvencilhar seu precioso rosto das garras daquela mulher, e num pensamento que mais deveria ser um grito de desabafo, você pondera consigo mesma, "Mas é lógico que eu cresci, apesar de ter um rostinho de menina, tenho 26 anos, e considerando que a Sra. só me viu em uma única oportunidade e quando eu tinha apenas 6 primaveras, é evidente que eu cresci, afinal, eu não sofro de nenhuma doença como nanismo ou coisa parecida"...e antes que alguém pense...vou proferir algumas palavras em minha defesa, eu não sou cruel !!! apenas detesto constatações óbvias com o fito de transparecer afeição que muitas vezes (e quase que na totalidade dos casos), não existe, por fim, eu sabia que pra nossa Mãe a gente nunca cresce, mas agora pras amigas dela ??? Affê !!!


                                                                     Morgana Mendonça

3 comentários:

  1. 'apesar de ter um rostinho de menina '

    muito humilde...
    hahahahaha

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  2. Parece com uma história que li na infância, rs. Acho que todo mundo já passou por esse aperto, né? rs

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  3. Tolerância zero e sacarmos total nessas horas uahuhauhauh x)

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